A incrível plataforma levitadora de Viktor Grebennikov

A incrível plataforma levitadora de Viktor Grebennikov


A coisa aparece muito por alto, e não deu pra eu entender nada do que o cara falava além de “picolés”. Mas ali estava uma foto, e com ela consegui futucar, achei uma pá de fóruns russos e depois de um trabalho enorme de escavação da história – já que diferente do meu pai, eu não entendo lhufas de russo, – me deparei com algo tão literalmente inacreditável que achei melhor não publicar, pois só poderia ser, obviamente, mentira.
Porém, movido por uma mórbida curiosidade que martelava os meandros obscuros dos meus miolos, repetindo “mas e se?”…  Resolvi a profundar a pesquisa deste caso peculiar, e fui reunindo uma informação aqui, outra ali, de modo a montar um complexo e ainda inacabado quebra-cabeças, formado sem dúvida, por muito mais perguntas do que respostas. O quadro resultante é como uma obra de arte abstrata, com muito menos sentido do que eu gostaria, mas de alguma forma, a falta de sentido é algo que alimenta o mistério.
Não peço sua credibilidade, até porque essa aqui é muito difícil de engolir, e tem muita ponta solta. Mas acho que vale uma leitura, pois dá um papo louco para mesa de bar, principalmente se você tem amigos nerds.
Em resumo, este post trata-se da história de um cara que um belo dia descobre que sabe um jeito de fazer um tipo de um patinete voador, não elétrico-não magnético, mas que usa uma propriedade desconhecida da natureza do universo.
Seria esse cara um embuste? Seria ele uma fraude? Ou um gênio visionário e ecologista? E por que, se ele foi uma fraude, conseguiu patentear sua descoberta? Por que sua patente foi então roubada? Por que o governo russo censurou seu livro, eliminando várias paginas dele ainda na gráfica?
Aperte os cintos, pois vamos conhecer uma história muito, muito louca mesmo, e que pra piorar, se passa na União Soviética!
Este sujeito com cara de Abraham Lincoln  pós moderno é  Viktor S. Grebennikov. Este cara foi um reconhecido cientista – naturalista, entomologista profissional, pintor talentoso e, de um modo geral, um sujeito que tinha uma ampla gama de interesses, com uma cultura geral impressionante.
Viktor já era muito reconhecido academicamente por seu trabalho de entomologista (o cara que estuda insetos) mas sua moral subiu mesmo quando ele descobriu “uma força”, a que chamou de “efeito estrutural cavidade (CSE)” .
Uma das grandes estranhezas dessa história surpreendente, é que ela tem como protagonista um cientista, membro da Academia de Ciências da Russia.

Como tudo começou

Viktor Stepanovich Grebennikow nasceu em 23 de abril de 1927. Após passar sua infância e juventude na Criméia, no Cazaquistão e Uzbequistão, ele se mudou para Issilkul, uma cidadezinha em Omsk Oblast, onde viveu dos anos 40 até o ano de 1976. Com a tumultuada gestão política soviética, nem tudo foram flores na vida desse cara. De 1947 a 1953, ele estava preso em um campo de prisioneiros no sul dos Urais. Apesar da prisão ele podia desenhar e pintar, e de fato, Viktor era um excelente artista. Ele viveu principalmente como pintor e ilustrador de livros. Somente nos anos 60, começou efetivamente a fazer trabalhos de pesquisa e publicações científicas sobre sua verdadeira paixão: Insetos. Principalmente sobre as abelhas.
No início de 1970 ele se concentrou em trabalhos com os insetos nativos de Issilkul, uma área protegida de estepes florestais. Hoje, a área está na lista oficial de áreas protegidas de Omsk Oblast como “relíquia ambiental”.
Em 1976, iniciou a sua liderança no Instituto de Investigação Científica de Agricultura da Sibéria e da utilização de produtos químicos na agricultura. Ele também criou (não tenho certeza se criou ou se aperfeiçoou e dirigiu apenas) o Museu de agro-ecologia e conservação, que hoje leva seu nome.
Ele também foi um dos primeiros grandes conservacionistas-ativistas das causas dos insetos, pois desde os anos 80 ele esteve comprometido com as políticas de criação de áreas de proteção ambiental em oblasts Novosibirsk e Omsk.
Por aí você já pode ver que não estamos falando do “Zé das couves”.
De acordo com o capítulo 5 de seu livro de memórias, jamais traduzido para o inglês completamente, mas só em partes, um dia, este cara estava capturando insetos para estudar na beira de um lago distante, quando, distraído, não percebeu que já estava a ficar tarde.
Aquela era uma noite tranquila na estepe. O disco vermelho do sol já tinha tocado o distante horizonte enevoado. Viktor olhou as horas e viu que era tarde demais para voltar para casa. Sem se abalar, pois isso já havia acontecido outras vezes, ele se preparou para acampar e passar a noite no campo. Ele estava munido de água, repelente e alguns equipamentos para esses casos. O repelente era importante, pois havia muito mosquito nas estepes, no vale Kamyshlovo, perto do lago salgado. Aquela área costumava ser um poderoso afluente do rio Irtysh, mas a lavoura das estepes e o desmatamento produziram erosão, que tornou o rio em uma seqüência de lagos salgados, como aquele em que ele estava às margens. Naquele dia não havia vento, e ele podia ouvir aves gorjeando à distância.
Viktor escolheu uma área gramada, abriu seu casacão, com sua mochila, ele improvisou um travesseiro. Antes de se deitar, reuniu galhos e um pouco de cocô de vaca ressecado para improvisar uma fogueira.
Ele deitou e rapidamente dormiu. Então, no meio da noite, teve uma sensação estranha. Nas palavras dele:
De repente eu vejo flashes. Abro os olhos, mas eles não vão embora, eles estão dançando no céu à noite pérola-e-tira e na grama. Recebo um gosto forte, metálico na boca, como se eu pressionei minha língua para as placas de contato de uma pequena bateria elétrica. Meus ouvidos começar a tocar, eu distintamente ouvir as batidas duplas do meu próprio coração.
Como alguém pode dormir quando essas coisas estão acontecendo?
De fato, todas as sensações que ele tinham, levavam a uma certa impressão de que o sujeito teria sido abduzido, mas ele viu aquela experiência de outra forma. Ele se levantou e caminhou até a beira do lago. Ali a sensação não acontecia. Então, Viktor lembrou-se de já ter sentido a estranha sensação antes, em um outro campo onde procurava insetos. Intrigado, ele voltou ao ponto original para confirmar: A sensação reaparecia quando ele estava num determinado lugar. O que era aquilo? Como explicar uma estranha sensação incômoda misteriosamente localizada no espaço?
Ele ficou com aquilo na cabeça. Tinha que haver uma explicação lógica. Passou o resto da noite teorizando o que poderia ser: Gazes inodoros da decomposição de algas? Anomalias magnéticas do solo? Viktor achou estranho que se houvesse anomalias magnéticas, as abelhas não fariam seus ninhos justamente onde ele estava deitado. E elas faziam…
Antes do sol nascer, ele recolheu suas tralhas e foi embora para Isilkul.
Naquele verão ele tornou a voltar ao “lago encantado” mais quatro vezes, em vários momentos do dia e em diversas condições climáticas para estudar as abelhas de uma especie que faziam seus ninhos no solo, em buraquinhos parecidos com dedais com a entrada estreita. Então, num desses dias, quando recolhia ninhos a um metro da borda do lago, ele sentiu mais uma vez aquele conjunto de sensações desagradáveis. Levantou-se e se moveu. Andou apenas cinco metros de distância, e a sensação sumia.
A solução do mistério veio muitos anos depois, quando aquela área repleta de abelhas buraqueiras entrou em colapso. As áreas de cultivo chegaram à beira do lago e isso afetou o ecossistema. As abelhas deram no pé, largando para trás barrancos inteiros formados de buracos, como gigantescas esponjas de lama ressecada.
Viktor foi até lá e com uma pá, resgatou um belo punhado desses casulos abandonados para estudos de bancada.
Dias depois, já em seu gabinete, a sua mesa estava, como sempre, repleta de bichos mortos, equipamentos, formigas, gafanhotos, casulos, garrafas com produtos químicos, e outras coisas. Viktor tinha uma pequena bacia cheia desses casulos de barro esponjosos. Ele então tentou pegar alguma coisa e ao passar a mão sobre a bacia, sentiu algo estranho: Os casulos estavam emanando calor. Ele conta a experiência:
De repente eu senti o calor que deles emanava. Toquei os casulos com a minha mão, eles estavam frios, mas acima deles eu senti uma sensação térmica clara.
Viktor tratou de instrumentar aquela descoberta. Pegou termômetros, detectores de ultra-som, magnetômetros e até eletrômetros. Nada. Nenhuma leitura.
Mas ele sentia claramente a sensação emanando da bacia de buracos.
Viktor começou a fazer experimentos. Cobriu a bacia com um papelão. E para sua surpresa, ele ainda sentia a energia invisível atravessando o papelão. Viktor então, publicou sua descoberta no no Boletim siberiana de Ciências Agrárias , no.3, 1984.
Ele começou uma serie enorme de experiências, onde tentou replicar a estrutura de favos das abelhas buraqueiras com materiais diferentes, apostando que o segredo do misterioso campo energético ainda sem nome e função, se dava pelo design desses padrões.
Viktor descobriu uma série de coisas impressionantes, como o fato da zona do campo inibir o crescimento de bactérias do solo saprófitas, de leveduras e de outras culturas, assim como a germinação de grãos de trigo.
O campo, batizado de CSE também alterava o comportamento de clamidósporos, algas microscópicas. Larvas de abelhas começavam a fosforescer, enquanto as abelhas adultas sob efeito do CSE ficavam super ativas e terminavam a polinização duas semanas antes.
Descobriu-se que o campo CSE, não poderia ser blindado. Isso é, ele afetava os organismos vivos através das paredes, metal grosso, e outras telas. Descobriu-se que, se um objeto poroso fosse colocado sobre o campo, ele tenderia a ser empurrado. Ele também determinou que o ser humano sentiria o CSE, mas não imediatamente. Levava poucos segundos ou minutos. Descobriu que o campo deixava um “fantasma” perceptível durante horas após a remoção do emissor.
Ele também descobriu que cobaias de laboratório e os seres humanos, ao entrar na zona do CSE (mesmo em campos muito fortes) logo se adaptavam a ela. Ele também Descobriu-se que o “raio” CSE teve um forte impacto sobre os organismos vivos, quando foi direcionado para longe do sol, e também para baixo, de frente para o centro da Terra.
Uma das mais estranhas experiências com resultados intrigantes foi posicionar dois relógios mecânicos de mesmo modelo e marca. Um de controle, e outro sob um emissor de CSE. O relógio sob o emissor de CSE começou a sofrer estranhas alterações de tempo. Este foi um fenômeno que o intrigou e mais tarde ele testemunhou acontecendo numa escala maior.
Ele também notou que as coisas sob o efeito do CSE pareciam ficar mais leves.
O CSE estava se mostrando real, apesar de não ser medido por aparelhos disponíveis na época. Isso levou Viktor à biblioteca em busca de uma compreensão maior do que poderia haver ali. Ele descobriu que nos anos 20, o físico francês Louis des Broglie recebeu o Prêmio Nobel por sua descoberta dessas ondas, e que elas até foram utilizadas na criação do microscópio eletrônico.
Viktor diz que em suas pesquisas, a descoberta do CSE levaria a uma interseção da física de estado sólido, a mecânica quântica, a física das partículas elementares. Mas aquilo o afastava do que ele realmente gostava de estudar, que eram os insetos.
Ele acabou descobrindo em laboratório um jeito de fazer um detector de CSE. Era meio Magáiver, o bagulho: Ele usava um vidro grosso para isolar o vento, onde dentro, colocava um pouco de água, para atenuar qualquer efeito secundário de eletricidade estática. No centro do vidro, amarrado a um fio fino de teia de aranha, ele colocava um gravetinho ou um pedaço de palha. Então andava com aquele treco e observava. Quando sob o efeito de algum CSE, o gravetinho girava no interior do vidro.

Viktor então compreendeu que toda estrutura que formava favos, emitia essa onda que não era eletruica nem magnetica, mas sim uma outra onda ainda desconhecida da nossa ciência, mas talvez não da ciência de outros planetas. Segundo ele:
Um leitor rigoroso pode me perguntar como isso é possível. Isso não contradiz todas as leis da natureza? E se assim for, não estou propagando misticismo? Nada disso! Não há misticismo, a coisa é simplesmente que nós, seres humanos, ainda sabemos pouco do universo que, como se vê, nem sempre “aceita” todas as nossas regras demasiado humanas, suposições e ordens…
Ficou claro para mim: os resultados dos meus experimentos com ninhos de insetos tem muita semelhança com os relatos de pessoas que se encontravam nas proximidades de UFOs. Pense e compare: avaria temporária de dispositivos eletrônicos, relógios interrompidos, ou seja, tempo, um invisível, mas resistente “obstáculo”, uma queda temporária no peso dos objetos, a sensação de uma queda no peso humano, fosfenos em movimento, flashes coloridos nos os olhos, de um gosto “galvânico” na boca …
Tenho certeza que você já leu sobre tudo isso em revistas de OVNIs. Agora estou lhe dizendo tudo isso pode ser experimentado em nosso Museu. Venha visitar!

Descobrindo a antigravidade CSE

Pior é que nem faz muito tempo! O Sarney era o presidente do Brasil. Estávamos no verão de 1988, quando Grebennikov se preparava para uma observação microscópica da asa de um besouro. Desde sua descoberta do campo CSE, ele estava meio obcecado com aquela ideia, vendo CSE em todo lugar, de observações de ovnis a alegações de paranormalidade. Pra ele tudo se explicava pelo efeito CSE. Então, era mais que normal que sua atenção fosse direcionada para a parte inferior da asa de alguns insetos. O entomologista decidiu verificar se a estrutura de quitina, cheia de pequenos buraquinhos, poderia atuar como um emissor das ondas invisíveis. E qual seria a razão e o efeito disso sobre os insetos.
Quando as asas de quitina de Grebiennikov foram dispostas uma sobre a outra, aconteceu uma coisa bizarra: Um delas saiu da pinça, levantou, e magicamente, levitou sobre a outra carapaça, para em seguida, cair da mesa do microscópio.
Surpreso, Grebiennikov pegou varias daquelas asas e as prendeu usando um arame fino. O bloco de quitina assim formado, agia como um objeto comum, mas quando ele montou o conjunto de asas numa espécie de painel, o troço saiu voando até o teto!
De alguma maneira que ele ainda não sabia explicar naquele momento, o conglomerado de asas de inseto presas numa tela estava se comportando como uma superfície de “tapete magico”. Viktor continuou seus testes, sempre secretamente, até perceber que em algum momento, seria possível controlar a inter-relação misteriosa dos painéis de asas, e controlar seu vôo.
Segundo levantei em fóruns russos e italianos (tem vários deles) os caras que estudam este caso suspeitam que ele construiu um sistema baseado na mecânica de persianas de janela, para aproximar, afastar e também inclinar os dois painéis de repulsão.
Ninguém poderia imaginar que ele ia cometer a maluquice de construir um veículo com aquele troço. Não ficou grandes coisas, mas era o melhor que dava para um cara só numa garagem. Peças de bicicleta, arruelas de metal, pedaços de madeira e placas de aço e um intrincado sistema de cabos, foram seus recursos para fazer uma plataforma com cara de escultura steampunk. A traquitana resultante de todo o empenho, está aqui:


Aqui tem mais detalhes do aparelho:


A aparência é de um patinete sem rodas.
Assim era a parte inferior do equipamento
Ele construiu a máquina pensando em sua fácil desmontabilidade, para tornar discreto seu uso. Ocultou-a em uma caixa que facilmente se passaria por uma caixa de material de pintura da época. E até arriscou algumas fotos, todo pimpão com seu invento:



 Após diversos testes, ele percebeu que os dois painéis de asas de inseto criavam uma espécie de campo energético invisível. Medindo o campo ele usou uma base que ocupava quase toda sua área e percebeu que conseguia ficar em pé dentro desse “ovo” invisível.
E foi então que ele começou suas pesquisas de levitação.

 O único registro existente de que ele levitou mesmo com o aparelho é esta foto,
Segundo relatou em seu livro “My World”, a velocidade máxima que o negócio atingiu foi inconcebíveis 2400kn/h e ele conseguiu voar facilmente até uma altura de 300 metros.
O dispositivo movia-se silenciosamente, e seu efeito foi acompanhado por uma variedade de efeitos interessantes. Por exemplo, por vezes, ele parecia que estava invisível e nem mesmo projetava sombras. Seus vôos quase sempre eram acompanhados por uma perturbação do tempo – o que ele percebeu por discrepâncias nas horas antes e depois de seus vôos de teste. Com medo do que poderiam pensar, ele sempre testava seu aparelho numa clareira de um bosque distante, tirando proveito de seu trabalho de entomologista o obrigar a se meter em matagais.
Quando adquiriu mais confiança no equipamento, ele começou a fazer vôos maios longos. E foi aí que ele começou a se meter em grandes confusões, que certamente seriam bem exploradas num filme do Spielberg sobre este cara. O primeiro grande azar foi quando o cabo de controle das placas de repulsão agarrou em pleno vôo. Em 17 de março de 1990, o cara tinha resolvido testar implementações no aparelho durante a madrugada. Ele só percebeu o tamanho da merda quando se viu preso ao engenho, que graças a um defeito no cabo do controlador, voava em velocidade cada vez mais absurda, totalmente sem controle, levando-o para muito longe, na direção das chaminés de uma fabrica da cidade vizinha. Na escuridão, ele não conseguia consertar o treco, e começou a ficar desesperado, pois o impacto poderia ser iminente.
Viktor relembra esse dia em que quase morreu:
Eu tive má sorte desde o início: os blocos do painel do lado direito da plataforma periodicamente ficavam presos. Eu deveria ter corrigido o problema de imediato, mas me esqueci de fazê-lo. Decolei bem no meio do campus da Academia Agrícola, erroneamente assumindo que a uma da manhã todos estavam dormindo, e ninguém iria me ver.
A decolagem foi bem, mas em poucos segundos, quando as janelas iluminadas de edifícios passavam abaixo de mim, eu me senti tonto. Eu deveria ter desembarcado naquele momento, mas permaneci no ar, para ver o que estava errado. Então uma força poderosa arrancou o meu controle sobre o movimento e peso, e ele me puxou na direção da cidade.
Atraído por este inesperado e incontrolável poder, eu cruzei o segundo círculo de prédios de nove andares na área residencial da cidade (que são dispostos em dois grandes círculos com prédios de cinco andares, incluindo o nosso, dentro deles), então eu cruzei o campo aberto, coberto de neve a cidade, a estrada e a universidade… A imensidão escura de Novosibirsk estava se aproximando de mim, e ele estava se aproximando rapidamente. Eu já estava perto de um monte de chaminés altas das fábricas, que soltavam fumaça preta. Eu tinha que fazer algo rapidamente.
Eu precisei fazer um grande esforço. Finalmente consegui realizar um ajuste de emergência dos blocos do painel. Meu movimento horizontal abrandou, mas depois senti-me mal novamente.
Somente na quarta tentativa eu conseguir parar o movimento horizontal, altura em que a minha plataforma foi pendurada sobre Zatulinka, distrito industrial da cidade. As chaminés sinistras e silenciosas continuavam a soltar fumaça abaixo de mim.
Eu descansei por alguns minutos, se é que se poderia chamar de estar pendurado sobre uma cerca fábrica escura de descanso. Depois que me certifiquei que o “poder do mal” já tinha passado, eu deslizei para trás, mas não na direção do nosso campus de Academia Agrícola, mas à direita a partir dele, em direção ao aeroporto. Eu fiz isso para despistar a trilha, caso alguém tivesse me visto.
Somente na metade do caminho para o aeroporto, sobre alguns campos, na escuridão da noite, onde havia claramente ninguém por perto, eu refiz a rota para casa … No dia seguinte, eu, naturalmente, não podia sair da cama.
As Notícias da TV e nos jornais eram mais do que alarmantes: Manchetes como “UFO sobre Zatulinka” e “Aliens de novo?” significava que o meu voo tinha sido detectado! Mas como? Alguns perceberam o “fenômeno”, como esferas brilhantes ou discos, muitos realmente não viram uma esfera, mas duas! Outros afirmaram que tinham visto um “pires” com janelas e raios.
Ele sabia que aquele monte de observações de ufos eram na verdade ele voando descontrolado com a plataforma defeituosa. Mas foi graças a este efeito colateral que ele descobriu uma outra e ainda mais estranha propriedade do campo de levitação: De uma estranha forma, o ângulo em relação ao centro magnético da Terra afetava sua observação. Era como se o campo que o protegia dos ventos e temperatura, produzisse uma inconsistência na emissão dos fótons. Eles se agrupavam como que distorcidos por uma espécie de “lente”. O efeito para as pessoas no solo era uma forma amorfa, que de acordo com o ângulo poderia se dividir e assumir padrões estranhos, luminosos.
Foi aí que ele começou a teorizar que a onda de ufos triangulares da Bélgica, que estava acontecendo bem naquele mesmo período poderia se tratar de alguma aeronave terrestre, usando os mesmos princípios de sua traquitana caseira. Aliás, Grebennikov sempre teve certeza que ele era somente “mais um” que descobriu aquilo, e nunca o único nem mesmo o primeiro. Ele teve grande certeza disso no dia que ele caiu com o seu aparelho voador.
Ele ilustrou o que achava que as pessoas viram no dia de seu teste

A queda

Uma coisa curiosa que Viktor percebeu ao voar com seu estranho aparelho é que ele perdia as amostras de insetos que pegava em seu tubo de ensaio.
O cara era bem caxias, ao ponto de fazer uma plataforma que levita e ao invés de sair pelo mundo conhecendo lugares e fazendo piruetas fantásticas, usava sua maquina apenas para ir de casa para a reserva, onde estuava insetos, podendo acompanhá-los em vôo e observá-los de ângulos inusitados, como na copa das árvores. Eventualmente ele pegava amostras de insetos vivos para levar ao laboratório. Numa vez em que fez isso, estava em vôo quando sentiu uma estranha fisgada, como um choque no peito. Em seu bolso ele levava o tubo de ensaio lacrado com o inseto dentro. Ao examinar o tubo, o inseto havia sumido, mas não só havia sumido, como havia derretido um circulo perfeito no tubo, que tinha as bordas manchadas com quitina. Ele nunca compreendeu o que realmente acontecia e porque os insetos pareciam ir para outra dimensão quando levados vivos na maquina. A única vez que ele conseguiu o intento foi com uma crisálida, e ao chegar no lab, o animal morreu pouco tempo depois.
Ele nunca conseguiu responder a este mistério, e acreditava que seria o próximo passo para entender melhor as estranhas forças que estava aprendendo a dominar.
O inseto sumiu e derreteu um buraco no tubo de vidro.

Mas vamos falar do dia em que ele caiu:
Viktor havia usado sua maquina para voar por cima de uma ravina, que ele havia lutado para preservar. O lugar estava intacto fazia alguns anos, e por estar preservado, muitas espécies de plantas e animais que já estavam extintos voltaram magicamente. Ele descobriu alguns vegetais que nem se lembrava que existiam. Aquilo o deixou tão feliz que ele fez vôos rasantes sobre a vegetação, para observar de perto os animais, besouros, lagartas… Ele já estava indo embora, quando tomado pela sensação de felicidade resolveu fazer um vôo zenital. Agarrou-se fortemente à plataforma e deslizou para cima em grande velocidade. Ele disse que pela primeira vez voou sem medo da altura. Atravessou nuvens, e continuou a subir.
Ele disparou para cima como uma bala, subindo, subindo, até que a paisagem abaixo começou a azular e ele viu o céu ficando gradualmente mais escuro.
Ele ficou um tempo parado lá no alto quando teve um súbito insight que estava fazendo “uma grande merda”.
O sol estava quase a se por e ele estava projetando uma sombra gigante sobre a cidade lá em baixo.
… Meu Deus, o que estou fazendo? Eu estava lançando de volta uma sombra no Glade, não? Isto significa que poderia ser visto por milhares de pessoas, como naquela noite memorável em março. É dia agora, e eu possa novamente aparecer como um disco, quadrado, ou pior, como minha própria pessoa… Há também um avião de carga, ainda sem som, vindo direto para mim, que cresce rapidamente em tamanho, já vejo o brilho frio de seu corpo e a pulsação de seu pisca-pisca estranhamente vermelho.
Para baixo, depressa! Eu acionei o freio bruscamente, fiz uma curva, o sol estava à minha volta, minha sombra deveria estar na minha frente, na gigantesca parede convexa de uma nuvem branca. Mas não havia sombra alguma, apenas uma glória multicolorida, um iridescente anel de brilhante, familiar a todos os pilotos que já atravessaram uma nuvem pela frente.
Depois de mergulhar em alta velocidade, ele perdeu o controle do punho esquerdo e desceu em queda livre. Viktor se preparou para o pior, mas espantou-se ao colidir com uma lavoura: Ele fez um buraco limpo, e afundou legal no solo, formando um tubo de paredes lisas de terra comprimida. O aparelho lhe mostrava uma nova surpresa a cada “problema”.
Assim, eu não só sobrevivi, mas também não senti quase nenhum impacto, apenas a escuridão. O meu dispositivo acabou bastante danificado para tirá-lo do buraco, e fiquei muito sujo de terra!
Eu tive que usar toda a minha criatividade para disfarçar aquilo. Se visto da estrada, teria causado muita especulação, e pode até ter levado alguns investigadores a buscar o culpado pelo buraco.
Poços também semelhantes com um túnel lateral e sem montes de terra ao redor apareceram nos campos em 24 de outubro de 1989, em áreas de Khvorostyansk Distrito da região de Samara. O Komsomolskaya Pravda descreveu os detalhes em 06 de dezembro do mesmo ano.
Parece que eu não estou sozinho.
Viktor deu poucas explicações sobre o funcionamento de seu engenho. Uma das coisas que ele diz no capítulo 5 de seu livro se refere ao misterioso fator que o impede de fotografar à bordo do equipamento. “Por alguma razão desconhecida, nenhuma foto obtida de dentro do aparelho se revela”.
Ele acabou usando o aparelho para subir, e registrar mentalmente paisagens, que depois se esforçava para representar com tinta e pincéis.
Com relação a seu equipamento, ele diz: “Muito provavelmente estou “inventando uma bicicleta”. Bem, na verdade a parte de cima do meu aparelho se parece muito com uma: o punho direito é usado para a marcha horizontal, controlando, através de um cabo, a inclinação de ambos os grupos de “placas gravitacionais”. Eu nunca ouso voar mais rápido do que 25 km / min (1500 km/h), preferindo ir dez vezes mais lento.
Ao que parece, Viktor nem sabia ao certo qual seria a velocidade máxima de seu equipamento. Ele não parecia muito interessado em testar os limites da criação, por temer que o aparelho não suportasse, já que era bem frágil em seu processo construtivo.

Por que não compartilhar o invento com o mundo?

Ele continuou a voar, e usou seu equipamento sempre para estudar os insetos, como uma espécie de tributo aos animais de seis patas que o levaram a descobrir aquela intrigante tecnologia. Inclusive, um dos aspectos mais bizarros de tudo isso vem agora: Viktor percebeu em algum momento, que se ele revelasse ao mundo como era o funcionamento de sua maquina, usando carapaças de uma espécie rara de besouro, estaria condenando esses animais que ele amava acima de tudo á morte.
Ele não queria divulgação, ele não queria nem ao menos a atenção das pessoas que trabalhavam e conheciam ele! Seu sonho era construir o equipamento capaz de levá-lo junto com seu afilhado, um menino ainda criança, para voar pelos campos, coisa que ele nunca fez, por medo de perder o controle e arriscar a vida do garoto.
Ele diz em seu livro que observando a velocidade do desenvolvimento humano, cedo ou tarde a ciência tradicional iria descobrir aquela propriedade, e se ela não fosse atrelada ao inseto, talvez os pobres animais escapassem à fúria destrutiva da humanidade. Ele precisou tomar a decisão, eu diria, inusitada de ocultar sua descoberta a todo custo. Talvez a verdade é que ele tivesse medo de sanções militares. Temos que lembrar que este cara foi preso na era soviética e sabia bem o que algo desse nível poderia significar belicamente.
Ele recusou-se totalmente a divulgar qual seria a espécie e o nume do besouro com o qual construiu sua plataforma. Ele dizia que a publicação do nome do inseto poderia contribuir para a invasão de caçadores de insetos nas florestas da Sibéria e da destruição da fauna entomológica da região.
Houve alguns rumores de que Viktor recebeu visitas do serviço secreto russo e isso deve tê-lo intimidado bastante. Victor S. Grebennikov morreu com a idade de 74, em abril de 2001. Aparentemente, de uma forma até meio estranha, todo mundo da casa dele ficou gravemente doente, incluindo seu filho. Nos fóruns, há quem atribua isso às contas dos métodos parnasianos de matar da KGB, com polônio e outras coisas.
Ao que parece, ele levou o segredo do inseto para o túmulo.
Com relação a plataforma, achei duas informações conflitantes com relação a ela. Uma corrente vem do filho de Viktor, que logo assim que seu pai morreu estava em contato com um editor dos EUA, que pretendia comprar os direitos do livro e lançá-lo nos EUA. Num telefonema usando uma tradutora simultânea ele diz que notou o filho de Viktor muito reticente sobre responder onde estava a plataforma, e após uma certa hesitação, ele disse que seu pai havia destruído.
Outra fonte, diz que a plataforma foi colocada em exposição no museu de Viktor, porém, o local foi arrombado e o equipamento roubado.
Claro que a história toda parece fantástica demais, incrível demais. Mas pesquisando para fazer o post, e até por pura curiosidade, que só aumentou a cada pedaço do quebra-cabeças que eu montava, descobri que há uma espécie de “corrida” para refazer a maquina!
Por mais estranha que pareça a história, muita gente esta acreditando nela. Há enormes discussões sobre qual seria o inseto.

A busca pelo besouro

Depois de muito rodar por aí, achei neste forum um inseto em potencial. É um besouro d´água daquela região.
Olhando para ele de cima, não parece ser grande coisa.
Mas quando você remove a carapaça que recobre a asa, ela revela seus segredos! Por baixo tem a textura descrita por Viktor em suas memórias.
E o mais interessante, é como esta coisa se comporta! Olha o video:
Sei lá, pode ser somente eletricidade estática, mas é curioso.
Pesquisando mais um pouco descobri que o besouro poderia não ser o pretinho aí de cima, mas sim este carinha aqui em baixo, bem mais feioso, que tem a seu favor algumas características que somente a investigação pode nos dar:
Viktor Grebennikov nunca disse que animal era, mas disse em seu livro como ele chegou no tal besouro. Ocorreu um desequilíbrio ecológico temporário naquela região, e subitamente este besouro ploriferou abundantemente. Eles estavam voando para todos os lados.
Foi com o excesso de “amostras” fornecido pela explosão populacional desses besouros que ele teve material suficiente para criar os painéis repulsores.
O inseto acima atende a uma ampla gama de condições para ser o inseto mais perseguido no mundo.  Um russo de um dos foruns que discutem a plataforma de levitação fez uma pesquisa em jornais antigos locais e foi capaz de encontrar, no período indicado pelo Grebennikov algumas materias que citam e conformam as invasões recorrentes de insetos de um determinado tipo. os insetos  foram mencionados várias vezes por um jornal local, que comenta a explosão deles justamente onde viveu Grebennikov! Além do mais, o inseto é um besouro, por isso tem a carapaça de quitina.  Portanto, há um forte indício de que o inseto seja  o  Mariana Buprestis M
Ele tem os buraquinhos na parte interna da carapaça! Esse inseto é do tipo “perfurador” de madeira seca. Especialmente atraído por pinheiros ( Detalhe: A floresta que cobre parte da área protegida de Grebennikov é uma floresta de pinheiros)
Outra coisa interessante é que este inseto é bem grande, o que facilitaria para usar suas carapaças no projeto do levitador.
Segundo a história a plataforma foi roubada. Eu estava vasculhando a net em busca de mais dados, quando me deparei com uma foto sem pai nem mãe, que supostamente mostra um pedaço desmontado da plataforma.

Há outras plataformas?

Me afundando pelos meandros da internet, achei algumas fotos de uma coisa que eu não sei o que é, confesso. Me parece uma espécie de versão 2.0 da plataforma do Grebennikov. Não sei se é real, se é fraude, nem que porra é essa. É num site polonês. Mas é bem lógico, que se essa história, por mais estranha que seja, tiver algo de realidade, como Viktor sabiamente previu, chegará uma hora que alguém vai replicar o fenômeno e conseguirá fazer seu próprio dispositivo. Será que isso está efetivamente acontecendo?
Seria Viktor Grebennikov uma fraude?
É difícil de dizer, e deixo a cargo do meu leitor formar seu juízo de valor se isso é uma fraude ou uma grande confusão gerada quando um sujeito resolve fazer transrealismo sem ter tempo de contar que era tudo ficção.  De qualquer forma, as informações contidas no livro “My World” podem nos dar uma nova maneira de olhar para o fenômeno UFO.
As descobertas de Viktor foram rejeitadas pela ciência acadêmica. Embora ele tenha até conseguido patentear seu neutralizador de dores de cabeça usando o sistema de favos e ondas induzidas, a academia nunca aceitou o fenômeno EPS.
Viktor Grebennikov foi gradualmente sendo tirado da “lista negra” de pseudocientistas.
O professor Alexander Konkretnyj da Rússia afirmou que “Observou aparentemente, algum efeito” e um funcionário da Academia Russa de Ciências Médicas Czeredniczenko após a morte de Yuri Grebiennikowa publicou um artigo no qual ele afirmou que a invenção do entomologista não é um mero produto de sua imaginação, e as pessoas que pensam assim, “cometem um grande erro.”
A história de Viktor deixa um mar de perguntas sem respostas: Como o aparelho efetivamente funcionava?
Se ele não era real, por que construir aquela complexa traquitana?
Após tantos estudos sobre as fotos do aparelho, não descobriram nenhuma inconsistência técnica, como um cabo que não leva a nada, etc.
Uma das grandes perguntas que eu faço é: Porra o maluco faz uma merda dessas em 1990 e tira uma foto que parece feita em 1800? E o pior é que não podemos dizer que ele não tinha equipamento. Essa foto de besouro feita por ele desmentiria isso fácil. Olha a qualidade.
Porém, ante a esta pergunta, durante a confecção do post eu achei a resposta. A foto original tem bem mais qualidade, mas ela foi publicada no livro dele e é essa reprodução impressa em preto e branco que se popularizou. De qualquer forma, isso não explica se a foto é real ou uma fraude. Sabemos que é possível fazer uma foto assim usando aquele clássico expediente do guru dos Beatles, que ficava meditando e então dava um puta pulo em pose de lótus. Uma câmera em alta velocidade registrava o momento e:
Os otários acreditam que eles ficam no ar levitando.
Agora, no caso do professor russo, o que deixa tudo bem mais interessante é sua descrição detalhada, incluindo suas surpresas, erros e descrições de cores, odores e até relato de medos que ele passou na plataforma. Isso nos dá uma dimensão de seus desejos, anseios e sua visão de mundo. Sabemos que ele era um artista criativo, e um apaixonado entomologista. Se ele criou isso tudo e construiu a plataforma como um prop (objeto de cena cinematográfico) para reforçar seu texto, isso não faz dele um charlatão, mas antes de tudo, um interessantíssimo escritor de ficção.
Se a plataforma realmente voou algum dia, talvez nunca saberemos, a menos que as pessoas obstinadas que visam replicar o aparelho consigam seu intento.

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